FELIPE PATRONI e BATISTA CAMPOS NA ADESÃO DO PARÁ
À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Após dois séculos da chegada dos portugueses ao Brasil, a Amazônia é formada de uma população de característica própria, basicamente pelo caboclo, resultado da mestiçagem do conquistador e a nativa. A maioria constituía as massas pobres que habitavam as cabanas das vilas e dos sítios, dedicando-se a pesca, agricultura e a coleta de sementes. Embora longe dos interesses e posições de classe, unia-os um sentimento comum de nativismo que, quando em choque com os estrangeiros, provocava reações de solidariedade ao lado de um radicalismo extremo e cruel.
Em 1820 Belém está agitada por idéias liberais, vivendo vibrantemente os acontecimentos que se desenvolvem em Portugal, que, diretamente ligada à metrópole, tinha a Amazônia sua influência ideológica através de diversos jovens que iam a Lisboa fazer seus estudos superiores e traziam as novas idéias entiladas pela Europa.
O sentimento de independência e liberdade dos paraenses em relação aos domínios dos portugueses foi reforçado com a chegada de Felipe Patroni a Belém, em 10 de dezembro de 1820, regressando de Portugal para propagar em sua terra as idéias nacionalistas e libertárias, iniciando seu extraordinário papel de precursor de nossa independência política.
Em Belém, uniu-se ao cônego Batista Campos que, acima de sua devoção ao sacerdócio, principiava a libertação da Amazônia (área territorial atualmente integrada pelos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre e Rondônia) do jugo português, dedicando-se integralmente aos problemas políticos atraindo a confiança dos nativistas que o tinha como um grande líder.
Felipe Patroni e Batista Campos são os representantes da esquerda do grande movimento nativista da Amazônia. O caboclo que escalara todas as posições sociais, não conquistara, todavia, o poder e eram eles que expressavam com maior conseqüência e firmeza, aquele anseio do homem da terra. Suas posições radicais os faziam mais temidos pelos inimigos, atraiam-lhes, porém a desconfiança das alas mais moderadas do próprio movimento.
O jornal “O Paraense” (primeiro a ser editado na Província do Grão-Pará), sob a direção de Patroni, circula em Belém no dia 1º de abril de 1822, com grande aceitação da população, fez severas criticas aos desacertos e mazelas do Governo – linguagem vibrante contra os erros administrativos –, e de defesa e incitamento de liberdade da gente paraense. Coincidentemente, a dada de lançamento do jornal é no mesmo dia em que chega ao Pará o novo Comandante das Armas, Brigadeiro José Maria de Moura, transferido de Pernambuco. Patroni já conhecia a fama de arbitrário do Comandante e que, no Pará, agiria com excessos de atos arbitrários de repressão sobrepondo-se os do governo local.
Não gostando das críticas do “O Paraense”, Moura tenta forja o assalto e destruição do jornal e seu arquivo. Patroni é avisado com antecedência e muda de local deixando as salas vazias, com isso aumentando mais os rancores do comandante que, junto ao Corregedor da Justiça, obtém o pedido de prisão de Patroni, alegando este ter desrespeitado Dom João VI, que é levado para o Forte do Castelo e depois para Lisboa onde é encarcerado nas masmorras do Forte Torre de São Julião.
Sob a direção de Batista Campos, com suas oficinas funcionando em local incerto, “O Paraense” continua circular com as criticas ao governo e sustentando com mais proporções as idéias liberais e, principalmente, avivando os sentimentos nativistas; aumentando ainda mais o prestígio do Cônego junto às camadas populares que frequêntavam sua residência (localizada na rua São Vicente, atual Manoel Barata) que ficava repleta de amigos, correligionários, paraenses, amazonenses e nordestinos. Era uma força e comando político, impondo ao governo e opinião pública. Batista Campos estava em seu ambiente e continuava com a mesma atitude de Patroni (de combater o governo), mas respeitado como chefe político e ídolo dos filhos da terra.
O 7 de setembro de 1822 não produziu efeitos imediatos na região e os lusitanos estavam decididos a manter a união da Amazônia com Portugal. Batista Campos transcreve, no “O Paraense”, manifesto de D. Pedro, Regente, concitando a união dos brasileiros a defesa da Independência do Brasil, programada no dia 7 de setembro, e o natalício de D. João VI. Razões pela qual é preso novamente e absolvido depois de 13 dias pelo Conselho Criminal que não encontrou razões para mantê-lo encarcerado.
No clima das últimas resistências do colonialismo português na Amazônia, já certo de integrar o Império do Brasil, realizam-se em Belém, (em 25 de fevereiro de 1823) a primeira eleição para a sua Câmara Municipal e as de suas paróquias, sob o regime novo da Constituição de Portugal. Por trás dos bastidores Batista Campos impediu a escolha dos elementos reinóis fazendo uma Câmara inteiramente nacionalista, conseguindo a primeira vitória dos brasileiros com seus vencedores carregados pelo povo. Através de um golpe militar, a conquista foi anulada logo em seguida e muitos de seus componentes foram presos e deportados; enquanto que Batista Campos, para não ter o mesmo fim, refugiava-se nas matas, ora no Guamá, Capim, Acará, Moju, juntando-se aos caboclos e tapuias despertando-os para a luta.
O Governo apropria-se do material do “O Paraense”, instala-o em prédio ao lado do Palácio, e com ele faz circular o “Luso Paraense” no dia 1º de abril de 1823. Tal atitude indignou a população e a revolta espalhava-se pela Amazônia. No dia 14 de abril, o povo e parte da tropa em Belém, eclodem grande movimento em prol da Independência, Moura sufoca-o com centenas de prisões. Em Muaná outro movimento é deflagrado por Moura que instala uma devassa contra Batista Campos, acusado de instigar a revolta no Marajó, Baixo-Guamá e Tocantins; vindo para Belém 145 prisioneiros que somaram entre os já presos, um total de 267, foram condenados à morte e imediato fuzilamento. Romualdo de Souza interveio dizendo ser da competência da Justiça de Lisboa confirmar e executa a sentença, Moura envia-os a Lisboa numa escaldante viagem na galera “Andorinha do Tejo” onde morreram uma centena e os restantes, restituídos à liberdade, voltam ao Pará.
Mesmo Batista Campos foragido era uma grande ameaça aos atos de Moura, pois a qualquer momento chegaria o movimento da Independência do Brasil. Em julho regressa de Lisboa o Bispo Romoaldo Coelho, deputado as Cortes com a mensagem de regressão de Portugal ao absolutismo e reúne os membros do Governo e os cientifica, porém vence o voto de Moura de ser mantida a situação vigente, conseguindo do Bispo assumir a presidência da Junta Governativa para que esta se impusesse à confiança geral. A 1º de agosto, Moura promove parada militar para aclamar D. João VI, mas irrita-se, ouvindo vivas a Pedro I, imperador do Brasil, e atribuindo a amigos de Batista Campos e persegue-os.
Apesar da vigilância que estabelece em Salinas, na manhã do dia 10 de agosto, o brigue de guerra “Maranhão” surpreende Belém, e seu comandante Capitão John Pascoe Greenfell, da Armada Brasileira em organização por Lord Tomas Cochrane, almirante inglês. Greenfell apresenta ao governo do Pará a mensagem de Pedro I concitando-o a adesão ao Brasil. O presidente da Junta Governativa, Bispo Romualdo Coelho, reúne o governo e pessoas de responsabilidade, no dia 11, e contra o voto de Moura e seis partidários, é resolvida a adesão.
Batista Campos sempre bem informado entra em Belém no dia 14 e ainda ver os seus algozes Moura e coronel Vilaça sendo presos como suspeito à Independência são levados ao brigue “Maranhão e mais tarde enviados a Lisboa. Finalmente, no dia 15 de agosto 1823 é oficialmente proclamada entre grande festividade cívico-militar e religios, a Adesão do Pará e toda a Amazônia ao Império do Brasil. No dia 17 é eleito o Governo Provisório, do qual Batista Campos integra, e empossado no dia 18, juntamente em mesmo ato é reempossada a Câmara Municipal que Moura depusera.
- Felipe Patroni Martins Maciel Parente: Nasceu em Acará. Foi um advogado, jornalista e político brasileiro. Filho do Alferes Manuel Joaquim da Silva Martins e afilhado do Capitão-de-fragata Filipe Alberto Patroni, de quem tomou o nome. Formou em Direito em Coimbra. Foi delegado da Junta Provisória do Governo do Pará e deputado, pelo Pará, na legislatura de 1842 a 1845.
- João Batista Gonçalves Campos: Nasceu em Acará (1782). Filho de Mateus Gonçalves e de D. Maria Bernardo de Campos. Foi cônego (ordenado em 1805), jornalista e advogado brasileiro. Um importante ativista político da história do estado do Pará, desde a época que antecedeu a Independência do Brasil até as lutas partidárias que culminaram com a explosão do movimento da Cabanagem (1835-1840), Na administração pública, foi vice-presidente do Conselho do Governo da Província e fez parte da Junta Provisória do Governo, no período de 18 de agosto de 1823 a 30 de abril de 1824.
Matéria extraida do jornal O DESTAQUE, edição de agosto 2012.
Em 1820 Belém está agitada por idéias liberais, vivendo vibrantemente os acontecimentos que se desenvolvem em Portugal, que, diretamente ligada à metrópole, tinha a Amazônia sua influência ideológica através de diversos jovens que iam a Lisboa fazer seus estudos superiores e traziam as novas idéias entiladas pela Europa.
O sentimento de independência e liberdade dos paraenses em relação aos domínios dos portugueses foi reforçado com a chegada de Felipe Patroni a Belém, em 10 de dezembro de 1820, regressando de Portugal para propagar em sua terra as idéias nacionalistas e libertárias, iniciando seu extraordinário papel de precursor de nossa independência política.
Em Belém, uniu-se ao cônego Batista Campos que, acima de sua devoção ao sacerdócio, principiava a libertação da Amazônia (área territorial atualmente integrada pelos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre e Rondônia) do jugo português, dedicando-se integralmente aos problemas políticos atraindo a confiança dos nativistas que o tinha como um grande líder.
Felipe Patroni e Batista Campos são os representantes da esquerda do grande movimento nativista da Amazônia. O caboclo que escalara todas as posições sociais, não conquistara, todavia, o poder e eram eles que expressavam com maior conseqüência e firmeza, aquele anseio do homem da terra. Suas posições radicais os faziam mais temidos pelos inimigos, atraiam-lhes, porém a desconfiança das alas mais moderadas do próprio movimento.
O jornal “O Paraense” (primeiro a ser editado na Província do Grão-Pará), sob a direção de Patroni, circula em Belém no dia 1º de abril de 1822, com grande aceitação da população, fez severas criticas aos desacertos e mazelas do Governo – linguagem vibrante contra os erros administrativos –, e de defesa e incitamento de liberdade da gente paraense. Coincidentemente, a dada de lançamento do jornal é no mesmo dia em que chega ao Pará o novo Comandante das Armas, Brigadeiro José Maria de Moura, transferido de Pernambuco. Patroni já conhecia a fama de arbitrário do Comandante e que, no Pará, agiria com excessos de atos arbitrários de repressão sobrepondo-se os do governo local.
Não gostando das críticas do “O Paraense”, Moura tenta forja o assalto e destruição do jornal e seu arquivo. Patroni é avisado com antecedência e muda de local deixando as salas vazias, com isso aumentando mais os rancores do comandante que, junto ao Corregedor da Justiça, obtém o pedido de prisão de Patroni, alegando este ter desrespeitado Dom João VI, que é levado para o Forte do Castelo e depois para Lisboa onde é encarcerado nas masmorras do Forte Torre de São Julião.
Sob a direção de Batista Campos, com suas oficinas funcionando em local incerto, “O Paraense” continua circular com as criticas ao governo e sustentando com mais proporções as idéias liberais e, principalmente, avivando os sentimentos nativistas; aumentando ainda mais o prestígio do Cônego junto às camadas populares que frequêntavam sua residência (localizada na rua São Vicente, atual Manoel Barata) que ficava repleta de amigos, correligionários, paraenses, amazonenses e nordestinos. Era uma força e comando político, impondo ao governo e opinião pública. Batista Campos estava em seu ambiente e continuava com a mesma atitude de Patroni (de combater o governo), mas respeitado como chefe político e ídolo dos filhos da terra.
O 7 de setembro de 1822 não produziu efeitos imediatos na região e os lusitanos estavam decididos a manter a união da Amazônia com Portugal. Batista Campos transcreve, no “O Paraense”, manifesto de D. Pedro, Regente, concitando a união dos brasileiros a defesa da Independência do Brasil, programada no dia 7 de setembro, e o natalício de D. João VI. Razões pela qual é preso novamente e absolvido depois de 13 dias pelo Conselho Criminal que não encontrou razões para mantê-lo encarcerado.
No clima das últimas resistências do colonialismo português na Amazônia, já certo de integrar o Império do Brasil, realizam-se em Belém, (em 25 de fevereiro de 1823) a primeira eleição para a sua Câmara Municipal e as de suas paróquias, sob o regime novo da Constituição de Portugal. Por trás dos bastidores Batista Campos impediu a escolha dos elementos reinóis fazendo uma Câmara inteiramente nacionalista, conseguindo a primeira vitória dos brasileiros com seus vencedores carregados pelo povo. Através de um golpe militar, a conquista foi anulada logo em seguida e muitos de seus componentes foram presos e deportados; enquanto que Batista Campos, para não ter o mesmo fim, refugiava-se nas matas, ora no Guamá, Capim, Acará, Moju, juntando-se aos caboclos e tapuias despertando-os para a luta.
O Governo apropria-se do material do “O Paraense”, instala-o em prédio ao lado do Palácio, e com ele faz circular o “Luso Paraense” no dia 1º de abril de 1823. Tal atitude indignou a população e a revolta espalhava-se pela Amazônia. No dia 14 de abril, o povo e parte da tropa em Belém, eclodem grande movimento em prol da Independência, Moura sufoca-o com centenas de prisões. Em Muaná outro movimento é deflagrado por Moura que instala uma devassa contra Batista Campos, acusado de instigar a revolta no Marajó, Baixo-Guamá e Tocantins; vindo para Belém 145 prisioneiros que somaram entre os já presos, um total de 267, foram condenados à morte e imediato fuzilamento. Romualdo de Souza interveio dizendo ser da competência da Justiça de Lisboa confirmar e executa a sentença, Moura envia-os a Lisboa numa escaldante viagem na galera “Andorinha do Tejo” onde morreram uma centena e os restantes, restituídos à liberdade, voltam ao Pará.
Mesmo Batista Campos foragido era uma grande ameaça aos atos de Moura, pois a qualquer momento chegaria o movimento da Independência do Brasil. Em julho regressa de Lisboa o Bispo Romoaldo Coelho, deputado as Cortes com a mensagem de regressão de Portugal ao absolutismo e reúne os membros do Governo e os cientifica, porém vence o voto de Moura de ser mantida a situação vigente, conseguindo do Bispo assumir a presidência da Junta Governativa para que esta se impusesse à confiança geral. A 1º de agosto, Moura promove parada militar para aclamar D. João VI, mas irrita-se, ouvindo vivas a Pedro I, imperador do Brasil, e atribuindo a amigos de Batista Campos e persegue-os.
Apesar da vigilância que estabelece em Salinas, na manhã do dia 10 de agosto, o brigue de guerra “Maranhão” surpreende Belém, e seu comandante Capitão John Pascoe Greenfell, da Armada Brasileira em organização por Lord Tomas Cochrane, almirante inglês. Greenfell apresenta ao governo do Pará a mensagem de Pedro I concitando-o a adesão ao Brasil. O presidente da Junta Governativa, Bispo Romualdo Coelho, reúne o governo e pessoas de responsabilidade, no dia 11, e contra o voto de Moura e seis partidários, é resolvida a adesão.
Batista Campos sempre bem informado entra em Belém no dia 14 e ainda ver os seus algozes Moura e coronel Vilaça sendo presos como suspeito à Independência são levados ao brigue “Maranhão e mais tarde enviados a Lisboa. Finalmente, no dia 15 de agosto 1823 é oficialmente proclamada entre grande festividade cívico-militar e religios, a Adesão do Pará e toda a Amazônia ao Império do Brasil. No dia 17 é eleito o Governo Provisório, do qual Batista Campos integra, e empossado no dia 18, juntamente em mesmo ato é reempossada a Câmara Municipal que Moura depusera.
- Felipe Patroni Martins Maciel Parente: Nasceu em Acará. Foi um advogado, jornalista e político brasileiro. Filho do Alferes Manuel Joaquim da Silva Martins e afilhado do Capitão-de-fragata Filipe Alberto Patroni, de quem tomou o nome. Formou em Direito em Coimbra. Foi delegado da Junta Provisória do Governo do Pará e deputado, pelo Pará, na legislatura de 1842 a 1845.
- João Batista Gonçalves Campos: Nasceu em Acará (1782). Filho de Mateus Gonçalves e de D. Maria Bernardo de Campos. Foi cônego (ordenado em 1805), jornalista e advogado brasileiro. Um importante ativista político da história do estado do Pará, desde a época que antecedeu a Independência do Brasil até as lutas partidárias que culminaram com a explosão do movimento da Cabanagem (1835-1840), Na administração pública, foi vice-presidente do Conselho do Governo da Província e fez parte da Junta Provisória do Governo, no período de 18 de agosto de 1823 a 30 de abril de 1824.
Matéria extraida do jornal O DESTAQUE, edição de agosto 2012.
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